ao esgotamento das horas“
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Biografia
Vasco de Castro. Por vezes pintor, por vezes jornalista, político, dirigente associativo, actor, activista, muitas vezes cartoonista e quase sempre boémio, muito. Vasco, filho único do também artista e poeta Afonso de Castro, nasceu no concelho de Ferreira do Zêzere em 10 de Agosto de 1935 porque a sua mãe, Lídia Borges, dava lá aulas na escola primária mas, é em Vila Real e seus arredores que cresce até ao seus 18 anos. É aqui, em Trás- os-Montes que começa com as suas irritações, como a provocar o reitor do liceu através de caricaturas precoces, a criação de uma curta e ingénua peça teatro ou a correspondência com o jornal Mundo Desportivo.
Em 1953, acabado o liceu, apanha o comboio e, apesar de estar matriculado na Universidade de Coimbra só sai na Estação do Rossio para se inscrever na Faculdade de Direito. Na capital colaborou com diversas publicações como o Diário de Lisboa, Sempre Fixe, Os Ridículos, O Mundo ri, Cara Alegre, A Bola, participou no grupo cénico de Direito, criou o grupo de Jograis de Lisboa e apoio à candidatura de Humberto Delgado. Trabalhou no restaurante Tágide cruzando-se com vários artistas, frequentou a tertúlia surrealista do Café Gelo e entrou na vida nocturna.
Com a situação política e colonial do Estado Novo, a 9 ou 10 de junho de 1961 parte para o exílio em Paris até 1974. Na cidade da Luz, encontrou o deslumbramento para o resto da sua vida. Com o refúgio principal no bairro de Montparnasse, começou por trabalhos menores mas rapidamente os seus desenhos encontraram lugar na imprensa francesa como no Le Monde, Le Figaro, France-Observateur, L’Humanité e Actualité e criou publicações com “O Comunista” ou a revista Underground LX . Participou em vários filmes do realizador Jean Pierre Mocky ( L’Etalon, Solo, entre outros), a sua militância política e social intensificaram-se nomeadamente no maio de 68 e na propaganda antifascista próxima da extrema-esquerda e, até organizou um Festival de música em Cassis. E depois os muitos amores. Um dia confessou “daqui não devia ter saído”. Participou nas Bienais de Desenho de Humor de Montreal em 1970 e 1972 e com o escritor Xavier Domingo realizou bandas desenhas sobre André Breton, Hemingway e François Mauric.
Com a Revolução dos Cravos de 74 regressa a Lisboa e colabora em Sempre Fixe, República, Página Um, Diário de Notícias, Pão Manteiga e o jornal Público com desenhos e textos. Conta também com 2 obras publicadas sobre os tempos áureos em Paris, “Montaparnasse, mon village (1985) e “Montaparnasse até ao esgotamento das horas”. Por fim, ficou por realizar o seu último grande sonho, um espaço que pudesse albergar o seu espólio artístico em mais de 4000 desenhos e 200 quadros. Um lugar digno, para tratar, conservar e mostrar a sua obra e legado.
Vasco, faleceu no dia 11 julho de 2021 devido a problemas respiratórios.